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17 de fevereiro de 2021, 16:39

Pequenos aviários enfrentam situação delicada com custos de produção

Estudo da Faep analisa que quanto menor o aviário, mais complicado é o resultado

 

Em um aviário de 140 metros por 14 metros, gastos com obrigações trabalhistas representaram 44,54% do custo total. Foto: Faep
 

 


 

A produção de aves no Paraná tem na escala um importante aliado para a viabilidade. É o que aponta o levantamento de custos de produção do Sistema FAEP/SENAR-PR, realizado em novembro e dezembro de 2020 e divulgada hoje (17).

 

De modo geral, sistemas produtivos com maior capacidade de alojamento garantem sustentabilidade a médio e longo prazos para os avicultores. Já os menores, têm vivido uma situação delicada, com prejuízos quase que generalizados, quando considerada a diferença entre as receitas e os custos totais.

 

Em uma avaliação do Estado como um todo, os resultados da avicultura tiveram leve melhora na comparação com os números de novembro de 2019. Na maior parte dos casos, no entanto, as melhorias não foram suficientes para garantir margens positivas aos produtores.

 

Apesar de, com o dólar alto, as exportações terem subido de R$ 9,5 bilhões para R$ 11 bilhões (+15,8%) em 2020, o Valor Bruto de Produção (VBP) das aves ter batido recorde e a demanda interna ter se mantido aquecida, os bons resultados não tiveram repasses significativos aos valores pagos pela indústria ao produtor.

 

De acordo com o responsável pela metodologia do levantamento de custos, Ademir Francisco Girotto, aparentemente houve descompasso entre os resultados das empresas e os reajustes oferecidos aos produtores. “Tínhamos uma expectativa de rentabilidade em alta, em função das exportações que cresceram bastante. Esperava um resultado positivo melhor do que o que apareceu. Em regra geral, o resultado cobriu os ‘Custos Variáveis’ e no máximo o ‘Custo Operacional’. Quanto menor o aviário, o resultado foi mais complicado”, apontou o economista.

 

Outro ponto que chamou a atenção do especialista, que realiza esse mesmo estudo há décadas, foi a constatação de que durante a pandemia, com suas instabilidades, alguns produtores tiveram aumento no intervalo entre alojamentos. “Teve região com quase 52 dias de intervalo para limpeza de aviário, enquanto em outros foram de 30 dias. Esse dado variou bastante, o que interfere no volume de lotes por ano, com reflexo direto na rentabilidade do produtor”, revelou.

 

Mariana Assolari, técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR, diz que após acompanhar as rodadas de coleta de dados e sistematização dos números teve a impressão de que as mudanças constatadas, na média, foram pouco significativas. “Se analisarmos o contexto geral, não tivemos diferença significativa na atividade agropecuária. Algumas regiões registraram leves aumentos nos repasses, mas também altas nos seus custos de produção. Podemos dizer que foi um ano meio quieto, atípico, com um dos maiores destaques para o fato de, mesmo com todas as dificuldades, a produção não ter sido paralisada”, sintetiza.

 

 

REAJUSTES

O avicultor de Cianorte, no Noroeste do Paraná, Diener Santana produz frango pesado, com três aviários, capazes de alojar 50 mil aves de uma única vez. Apesar de nos últimos anos ter ampliado o número de barracões gradativamente, de tempos para cá ele reclama que tem ficado difícil de pagar as contas. Ele chegou ao ponto de ter que vender um pedaço de terra para pagar uma parcela de um financiamento que fez para construir o terceiro barracão.

 

“Gastamos, fizemos o investimento com expectativa de retorno, que não veio da forma como esperávamos. Além disso, tivemos a questão da subida do custo da energia elétrica. De cinco anos para cá, gastávamos em torno de R$ 3 mil por mês em eletricidade e isso pulou para patamares de R$ 6 mil a R$ 7 mil”, compartilha.

 

Esse cenário de custos de produção maiores do que os reajustes repassados pelas indústrias, para Santana, tem freado os investimentos dos produtores de aves. “Durante um bom período houve uma remuneração satisfatória à produção. Mas, desde 2018, houve uma alteração muito brusca na cadeia produtiva. Hoje, para mim, não há perspectiva de ampliação e grandes investimentos”, reclama.

 

 

MÃO DE OBRA

 

Como de costume, a mão de obra seguiu ocupando o posto de maior vilã nos custos de produção. Pegando como exemplo um aviário de 140 metros por 14 metros, em Chopinzinho, com produção de frango pesado, os gastos com obrigações trabalhistas representaram 44,54% do custo total. Em seguida aparece energia elétrica, com 14,43%, lenha/pellet com 9,19% e troca e reposição de cama 8,64%.

 

Enquanto isso, no mesmo município, em aviários de frango griller, a participação dos custos ficou da seguinte forma: mão de obra (37,79%), energia elétrica (8,77%), lenha/pellet (19,74%) e troca e reposição de cama (8,03%).

 

 


 


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